quinta-feira, 28 de maio de 2009


Nome dos alunos:

Bruna de Vasconcellos Torres.

César Yuji Ishikawa.

Filippo Capuzzi Lapietra.

Guilherme Gil de Oliveira Melo.

Steffanie Marcon Ventura.  

 

            A exposição em cartaz dentro do MASP que, desde o último dia 16, oferta um intenso panorama acerca do caminho percorrido pelas artes plásticas ao longo da história a partir do florescimento do Realismo na França durante a década de 1860, consegue a proeza de suscitar em seu freqüentador uma rara possibilidade de reflexão sensível sobre o próprio caráter ontológico da expressão artística e, também, acerca de tudo aquilo que a envolve, um "tudo" existente naquilo identificável com o modernismo no campo das manifestações simbólicas. E o acontecimento em questão se configura como um fenômeno de tamanha grandiosidade que a sensação resultante envolve até mesmo uma certa noção de impotência. Impotência por, obviamente, não conseguir absorver em apenas uma tarde toda a riqueza gerada pela multiplicidade de informações, estilos e percepções contidas nas obras.

           

O evento integra o chamado Ano da França no Brasil, um conjunto de atividades possuidoras da finalidade de, justamente, divulgar e celebrar a cultura do país europeu (lembrando que, em 2005, ocorreu o Ano do Brasil na França, detentor de idêntico formato), processo no qual se encontram evidentes traços de valorização e apego a valores pátrios, revelando a importância que continua se conferindo, em pleno contexto da globalização – e de seus fenômenos subseqüentes, como a dissolução contínua de fronteiras e limites condutores de um estado disseminado de hibridização e multiplicidade -, à noção de local, do espaço delimitado que se insere na constituição do imaginário social, traços que indicam a persistente importância da História na estruturação do indivíduo e das sociedades, ainda que com a crescente tendência a ocultá-la. Tal curioso movimento, porém, vem acompanhado de um anterior e elaborado caráter político, diplomático e também comercial, apresentando o risco de desenvolver sua proposta de maneira excessivamente concentrada, pouco densa. A exposição, felizmente, não se ressente disso, pois, embora englobe vários artistas, conta com um satisfatório trabalho de curadoria que teve o cuidado de desenvolver linhas e critérios melhor delineados, além de, como dito anteriormente, possibilitar chances únicas de contato com momentos capitais da arte. O ideal, porém, seria que a reflexão sobre a fundamental produção cultural proveniente da França se portasse de forma mais descentralizada e analítica e não apenas concentrada em ciclos temporalmente restritos caracterizados por um sentimento que poderíamos chamar de “intensidade fugaz”.

           

            Parte extremamente significativa da História da Arte percorrendo o olhar dentro de um único e contínuo caminho da percepção, presentes em um só espaço físico. Aqui há a oportunidade de se obter uma vigorosa constatação do acúmulo de estilos e técnicas formadores das escolas e tendências ao longo da trajetória do Modernismo. Com isso, dá-se a possibilidade de analisar a progressiva – porém, variável em si – fragmentação da representação do real, do surgimento do Realismo às soluções apresentadas pela Arte Contemporânea. Explicita-se, portanto, as mudanças do próprio sujeito ao longo do tempo, a capacidade extremamente inovadora que a pintura possui de se reinventar em um mesmo espaço plano usando todo um caminho anterior, o que prova que na arte não existem quebras totais. A invenção encontrada, na verdade, se utiliza de paradigmas já dados para ampliá-los ou mesmo negá-los. O ambiente ditado pelas imposições da sociedade burguesa, regente dos processos de industrialização e urbanização consolidados a partir do século XIX e mantidos com suas permanentes recomposições, paira sobre as manifestações vistas, dentro de um estado cada vez maior de indeterminação, processo que resulta justamente na produção artística presente. Com tudo isso, reflete-se também a respeito do distanciamento: percebemos, enfileiradas, as obras das diferentes épocas e podemos, seguros, catalogá-las, classificá-las. Será que teremos, em algum momento, a mesma segurança com os atuais atos de criação?

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